Saudades do Fogão a Lenha. Era tudo tão simples. Fazia logo o “Para Casa” da professora, para poder ir à rua brincar de Amarelinha.
Uma delícia Ler os livrinhos coloridos infantis, roubar doces na cozinha, raspar panelas , roubar mangas no pomar da vizinha e disparar correndo, o coração aos pulos, com medo da mãe saber e ainda levar umas “correiadas”…
Ia à escola a pé, subindo o morro da Catedral. Comia de tudo, sem preocupação de engordar. Não conhecia colesterol, gordura no fígado, diabetes e tantas outras preocupações.
Não me lembro do pai se queixar do IPTU, INPS, IR e tantas outras siglas que atormentam, hoje, o nosso viver corretamente.
Tudo era fácil… mas será que é apenas a imaginação? Será que apagamos da memória os momentos ruins?
Havia uma regra – estudou, passou, tem diploma? A existência vai ser tranquila. Ledo engano.
Sem televisão, sem internet, facebook, instagram,tuíte, email, fax, impressora…
Uma vida sem medo. Nem os joelhos ralados pelos tombos das diversões no quintal correndo atrás das galinhas doíam. Só haviam pequenas preocupações como esconder dos pais os cotovelos ralados para não arder com o mertiolate.
Jabuticabas no pé, verduras na horta, leite na porta, pãozinho quentinho na Padaria do seu João e passar longe da Farmácia do sr Antonio com medo de injeção.
Nos dias nublados, brincar de trenzinho com as cadeiras enfileiradas no terraço. A imaginação correndo solta, parando em estações desconhecidas, criando fantasias.
Apenas um relâmpago de tudo o que passou e era tão bom. Ficou não só a saudade impiedosa das lembranças mas a certeza cruel de que nunca mais será como antes.
